EDITORIAL MAJU COTRIM: Um Tocantins negro que não pode negar sua essência nem fingir que o racismo estrutural não existe

O Tocantins segundo o IBGE tem mais de 70% de sua população negra ou parda. Por outro lado, temos um Estado que precisa se reconhecer essencialmente como negro. Um lugar que foi construído pelo suor e esforço de muitos negros como mostram as cidades históricas.

Chegamos em 2022 com um Estado ainda latente e carente de implantação de várias políticas sociais e de reparação em vários sentidos. Falar sobre combate ao racismo no Tocantins infelizmente ainda é ser tratado com “invisibilidade” ou falta de Importância! No Tocantins a temática racial é resumida por muitos a “coisa de movimentos” ou “questões de negros” e ainda há a insistência de tratar o assunto como o tal do “mimimi”. Posso dizer por experiência própria: inviabilizam a importância desta pauta e sim maioria das vezes por desinformação e falta de interesse! Estou falando de um contexto de visão geral!

As Instituições e empresas tocantinenses ainda precisam evoluir e se abrirem para as discussões.
Saírem dos bannerzinhos anuais no dia 20 de novembro nas redes sociais sendo que nos outros
Dias do ano vemos falta de representatividade, de espaços e o a políticas públicas!

No Tocantins assim como no Brasil ser negro é sim ainda estar exposto á crueldade que é o racismo! É ter que se esforçar sempre mais, se virar em mil para tentar ter o ao ensino superior para mudar o contexto de vida! No Estado e municípios as políticas antirracistas precisam existir e se fortalecer nas escolas com debates e atividades permanentes, com conhecimento das trajetórias e conteúdos de autoria e sobre negros e negras. O Tocantins precisa ainda valorizar a cultura negra e seus fazedores. Proteger suas histórias vivas, seus griôs, criar políticas de o para a população quilombola e tantos outros desafios. Semear princípios de igualdade é dever de cada um e as pessoas precisam entender isso!

Na estrutura estadual, por exemplo, a criação de uma Superintendência ou órgão específico para tratar das políticas de igualdade raciais com certeza pode ajudar o Estado a dar um Salto na inserção de negros e negras. Ampliar esse espaço no governo é uma alternativa importante! E outro aspecto positivo sobre isso: tem muita gente competente, Estudiosos, Pesquisadores e pessoas ligadas á área com amplo Conhecimento e que está disposta a colaborar! Temos negros e negras com currículos de dar orgulho e que podem contribuir ainda mais com o Tocantins! Nos municípios o mesmo desafio: ter governos com inclusão e diversidade!

As empresas também têm papel importante na mudança do cenário social do Tocantins: precisam incluir, diversificar, dar espaço!

O que não pode é termos um Estado rico em cultura negra, com 44 quilombos que celebram a ancestralidade e precisam de apoio e e, com experiências já comprovadas do sucesso do turismo de base comunitária, por exemplo, resumir combate ao racismo a um post no dia 20 de novembro! O Tocantins , sua gente e suas instituições como um todo podem mais nesta temática! Os números alarmantes estão aí: há muita coisa para ser feita ainda!

O que vai mudar o cenário racista no país e no Tocantins são políticas de curto, médio e longo prazo e além disso consciência sim mas todos os dias do ano e por parte de todos e todas! Na política não é diferente. Vivemos num estado com pouquíssimos representantes políticos que se consideram ou se autodeclaram negros ou pardos e isso se reflete na aprovação e proposição (ou falta) de leis neste sentido! Qual importância que se dá para o combate ás desigualdades geradas pelo racismo!?

A negação do racismo no Tocantins e um dos fenômenos que mais impede com que o debate e ações sobre a temática avancem! Existe racismo sem racistas? Claro que não! E não existe igualdade racial sem mobilização de todos os setores e valorização da cultura negra e africana!

O Tocantins precisa construir uma geração antirracista forte, que se orgulha de suas raízes e que estão prontos e prontas para semearem a igualdade! Não se faz isso fechando os olhos para um problema social tão grave ou fingindo que ele não existe!

Como nos ensinou Ângela Davis: “não basta não ser racista, temos que ser todos antirracistas!”

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins

Trocando em Miúdos

Coluna escrita por Maju Cotrim escritora e consultora de comunicação. CEO Editora-Chefe da Gazeta do Cerrado. Jornalismo de causa, social, político e anti-fake!

Coluna escrita por Maju Cotrim escritora e consultora de comunicação. CEO Editora-Chefe da Gazeta do Cerrado. Jornalismo de causa, social, político e anti-fake!