Mulheres na política

Senadora Professora Dorinha critica tentativas de retrocesso nas candidaturas femininas durante debate sobre novo Código Eleitoral

Senadora Professora Dorinha critica tentativas de retrocesso nas candidaturas femininas durante debate sobre novo Código Eleitoral

Durante a reunião da Comissão de Constituição e Justiça nesta quarta-feira, 28, sobre o novo Código Eleitoral, a senadora Professora Dorinha Seabra (União) fez um pronunciamento firme em defesa da participação feminina na política e alertou para os riscos de retrocessos que podem dificultar ainda mais as candidaturas de mulheres.

A parlamentar criticou falas que sugerem que há dificuldade em encontrar mulheres interessadas em disputar cargos eletivos e rebateu a ideia de que mulheres teriam alguma “limitação natural” para atuar na política. Segundo ela, tais discursos são reflexos de uma cultura estruturalmente excludente e de um sistema eleitoral que perpetua desigualdades de gênero.

“Aqui ninguém chegou por acaso. É muito grave quando certos discursos insinuam que a mulher tem um ‘defeito de fábrica’, como se naturalmente não servíssemos para a política. Não há nenhum problema em nosso DNA, nem físico, nem biológico, que nos afaste da política”, afirmou a senadora.

Professora Dorinha também destacou que as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no ambiente político não são individuais, mas estruturais. Para ela, o sistema político brasileiro continua impondo barreiras que desestimulam e até inviabilizam candidaturas femininas.

“Todos nós temos inteligência suficiente para compreender que há um peso cultural, relações de poder consolidadas e um sistema eleitoral que precisa ser revisto. O que não pode é a mulher continuar pagando sozinha o preço de um modelo que foi desenhado sem ela”, completou.

O Congresso Nacional discute o Projeto de Lei Complementar (PLP) 112/2021, que propõe a criação de um novo Código Eleitoral. A matéria, que já foi aprovada pela Câmara dos Deputados, voltou a tramitar no Senado após sofrer diversas alterações. O relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI), apresentou seu parecer nesta quarta-feira (28).

Entre os pontos mais polêmicos do texto está a mudança nas regras para a promoção de candidaturas femininas, com impactos diretos no modelo atual de cotas. A proposta estabelece, para os próximos 20 anos:

  • reserva de 20% das cadeiras do Legislativo (Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e Congresso Nacional) para mulheres;
  • destinação de 30% do tempo de propaganda eleitoral em rádio e TV para candidaturas femininas;
  • obrigatoriedade de aplicar ao menos 30% dos recursos de campanha em campanhas de mulheres.

Na prática, essas medidas substituiriam a regra atual, que determina que ao menos 30% das candidaturas nas chapas proporcionais devem ser de mulheres. Ou seja, pela nova proposta, os partidos não seriam mais obrigados a lançar esse percentual mínimo de candidatas, desde que respeitassem os percentuais de recursos e tempo de propaganda definidos.