Loteria

PSB e entidade entram com ações contra Lototins; Estado explica detalhes e diz que concessão é amparada pelo STF

A denúncia afirma que o Estado estabeleceu um monopólio privado e criou um ambiente permissivo, sem controle de identidade, autenticação ou filtros para impedir o o de menores de idade e beneficiários de programas sociais.

PSB e entidade entram com ações contra Lototins; Estado explica detalhes e diz que concessão é amparada pelo STF

A concessão da Loteria do Tocantins (Lototins) pelo Governo do Estado está sendo contestada na Justiça e na esfera federal. O Partido Socialista Brasileiro (PSB) e a organização Educafro protocolaram, nesta segunda-feira (2), uma denúncia junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) e uma ação civil pública na Justiça Federal, respectivamente, alegando que o modelo adotado viola normas da Lei Federal nº 14.790/2023, que regula o setor de apostas no país.

Os questionamentos são assinados pelos advogados Márlon Reis, Rafael Estorilio e Paulo Santos Mello e apontam supostas ilegalidades na operação da Lototins, como a instalação de totens de apostas em espaços públicos e a concessão com prazo de 20 anos — o que, segundo os autores, contraria a legislação federal, que prevê um período máximo de cinco anos em regime de concorrência.

Acusações

A denúncia afirma que o Estado estabeleceu um monopólio privado e criou um ambiente permissivo, sem controle de identidade, autenticação ou filtros para impedir o o de menores de idade e beneficiários de programas sociais. Totens de autoatendimento estariam sendo instalados em locais de grande circulação, inclusive perto de escolas, segundo as peças protocoladas.

Além disso, o modelo é apontado como vulnerável à lavagem de dinheiro, pela suposta ausência de mecanismos eficazes para rastrear a origem dos valores apostados. O PSB pede à PGR a abertura de investigação para apurar possíveis crimes por parte de agentes públicos e privados. Já a Educafro solicita, entre outras medidas, a suspensão das atividades de apostas online, remoção dos totens físicos e bloqueio automático para usuários de programas sociais.

O que diz o Governo

Em nota oficial, o Governo do Tocantins informou que ainda não foi notificado pelas autoridades competentes, mas antecipou esclarecimentos. Rebatendo ponto a ponto as acusações, o Executivo estadual afirmou que a concessão da Lototins está amparada em decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), que reconhecem a competência dos estados para explorarem serviços lotéricos.

Segundo o governo, a operação foi estabelecida com base em legislações federais complementares (Leis nº 13.756/2018, 14.183/2021 e 14.790/2023) e está regulamentada em âmbito estadual pela Lei nº 4.136/2023 e pelo Decreto nº 6.703/2023.

Sobre a presença dos totens, o governo alegou que todos são operados com restrição de o para menores de idade. Os terminais físicos e o ambiente online exigem autenticação via conta bancária no F do usuário. Segundo o Estado, isso garante rastreabilidade, impede o uso por menores e atende às exigências legais de prevenção à ludopatia.

Quanto à concessão de 20 anos, o governo afirmou que o prazo está de acordo com a legislação de concessões públicas, e que o modelo da Lototins é mais abrangente do que o de apostas de quota fixa previstas na Lei 14.790, justificando o período adotado.

Por fim, o governo disse que o contrato é monitorado por um comitê gestor e por auditoria independente, e que o objetivo é arrecadar recursos a serem reinvestidos em políticas públicas nas áreas de saúde, esporte, tecnologia e inclusão social.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins